Plano de saúde cobre tratamento para autismo?

Descubra tudo o que você precisa saber sobre se o plano de saúde cobre o tratamento para autismo.

Como funciona o tratamento para autismo nos planos de saúde? Quais são as opções de tratamento? Quais são as leis brasileiras e como acionar o seu plano de saúde para garantir o suporte necessário? É sobre isso que vamos discutir nesse artigo.

O que é TEA?

O TEA (Transtorno do Espectro Autista) é uma condição neurológica que engloba uma série de desordens ligadas ao autismo. A característica principal do TEA é a dificuldade na comunicação e interação social. 

 

Além disso, os indivíduos com TEA podem apresentar padrões de comportamento repetitivos e interesses restritos.

 

 

Cada pessoa com TEA é única e pode apresentar recursos e níveis de funcionalidade diferentes. O diagnóstico do TEA deve ser realizado por profissionais especializados, como neurologistas e psicólogos, com base em avaliações clínicas e observação do comportamento.

Quais são os sintomas do TEA?

Os sintomas do TEA podem variar, mas geralmente envolvem dificuldades na comunicação, interação social e comportamentos repetitivos, como por exemplo:

  • Ausência ou atraso na fala;

  • Dificuldade em manter contato visual;

  • Dificuldade em compreender gestos;

  • Falta de interesse em brincadeiras sociais;

  • Comportamentos repetitivos, como movimentos estereotipados;

  • Hipersensibilidade ou falta de sensibilidade a estímulos sensoriais.

 

É importante destacar que cada pessoa com TEA é única e pode apresentar sintomas e desafios diferentes. O tratamento adequado e o apoio familiar são essenciais para o desenvolvimento e bem-estar desses indivíduos.

 

Quais são os tratamentos disponíveis para autismo?

Embora não exista cura para o autismo, uma variedade de tratamentos pode ajudar a melhorar as habilidades e a qualidade de vida das pessoas com TEA. A seguir, exploramos os principais tipos de tratamentos disponíveis:

Terapia Comportamental (ABA – Análise do Comportamento Aplicada)

A Análise do Comportamento Aplicada (ABA) é uma abordagem amplamente reconhecida e eficaz para tratar o autismo. A ABA utiliza princípios de aprendizagem para promover comportamentos positivos e reduzir comportamentos indesejados. 

As intervenções são individualizadas e baseadas em dados, com sessões que podem ocorrer em casa, na escola ou em clínicas especializadas. Os terapeutas de ABA trabalham em estreita colaboração com as famílias para definir metas específicas e monitorar o progresso.

Terapia Ocupacional

A terapia ocupacional (TO) foca em ajudar indivíduos com TEA a desenvolver habilidades necessárias para realizar atividades diárias de forma independente. Isso pode incluir habilidades motoras finas, coordenação, habilidades de autoajuda (como vestir-se e alimentar-se) e habilidades sociais. 

Os terapeutas ocupacionais utilizam atividades lúdicas e terapêuticas para promover o desenvolvimento sensorial e motor, ajudando as crianças a se adaptarem melhor ao ambiente ao seu redor.

Fonoaudiologia

A fonoaudiologia é crucial para muitos indivíduos com autismo, especialmente aqueles que enfrentam dificuldades de comunicação. Os fonoaudiólogos trabalham para melhorar a fala, a linguagem, a comunicação social e as habilidades de processamento auditivo. Isso pode envolver o uso de dispositivos de comunicação aumentativa e alternativa (CAA) para aqueles que não são verbais. O objetivo é facilitar a comunicação eficaz, promovendo uma melhor interação social e aprendizado.

Intervenções educacionais e programas de inclusão escolar

A educação é um componente vital no tratamento do autismo. Programas educacionais específicos e estratégias de inclusão escolar ajudam a criar um ambiente de aprendizagem adaptado às necessidades de cada criança com TEA. 

Intervenções educacionais incluem métodos de ensino individualizados, apoio adicional em sala de aula, uso de tecnologias assistivas e colaboração entre educadores e terapeutas. 

Programas de inclusão escolar promovem a participação plena dos alunos com autismo em atividades acadêmicas e sociais, garantindo que recebam a educação adequada às suas capacidades.

Tratamentos médicos e farmacológicos

Embora não existam medicamentos que curem o autismo, tratamentos farmacológicos podem ser usados para gerenciar sintomas associados, como ansiedade, depressão, hiperatividade, irritabilidade e comportamentos repetitivos. 

Psiquiatras e médicos especializados avaliam cada caso individualmente para prescrever medicamentos que possam ajudar a melhorar a qualidade de vida do paciente. É fundamental monitorar de perto o uso de medicamentos para ajustar dosagens e minimizar efeitos colaterais.

Terapias complementares

Além das terapias tradicionais, muitas famílias exploram terapias complementares para apoiar o desenvolvimento de seus filhos com TEA. Algumas dessas terapias incluem:

  • Musicoterapia: utiliza a música para promover a comunicação, a interação social e a expressão emocional. A musicoterapia pode ser particularmente eficaz para indivíduos que respondem bem a estímulos musicais;

  • Equoterapia: envolve o uso de cavalos para promover o desenvolvimento físico, emocional e social. A interação com os cavalos pode ajudar a melhorar a coordenação motora, o equilíbrio e a autoconfiança;

  • Arteterapia: utiliza a expressão artística como uma forma de terapia, ajudando a desenvolver habilidades de comunicação e expressão emocional.

Planos de saúde limitam sessões de terapia para autistas?

A regulamentação vigente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) estabelece uma quantidade mínima obrigatória de sessões de terapia para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Conforme o Rol de Procedimentos da ANS, estão garantidas, por exemplo, 96 sessões anuais com fonoaudiólogos e 40 sessões anuais com psicólogos e terapeutas ocupacionais, entre outros profissionais.

Embora alguns contratos de planos de saúde contenham cláusulas que limitam o número de sessões de terapia permitidas por ano, tais cláusulas são consideradas abusivas e ilegais. Quando um plano de saúde impõe restrições ao atendimento necessário, ele viola o propósito fundamental do contrato, que é assegurar a saúde e o bem-estar do segurado.

A determinação da quantidade e do tipo de sessões terapêuticas requeridas para um paciente deve ser feita exclusivamente pelo médico responsável, com base nas necessidades individuais do paciente. Planos de saúde não têm o direito de impor limites arbitrários que contrariem a recomendação médica.

Os tribunais brasileiros têm consistentemente se posicionado de maneira favorável aos direitos dos autistas, reconhecendo a importância do tratamento contínuo e adequado. Decisões judiciais têm garantido que as indicações médicas sejam respeitadas integralmente, sem as limitações impostas pelos planos de saúde. Isso significa que, mesmo se houver uma cláusula limitativa no contrato, ela não pode prevalecer sobre a necessidade médica devidamente documentada.

Os pais e responsáveis de crianças com TEA, bem como os próprios pacientes, devem estar cientes de seus direitos e buscar auxílio jurídico caso enfrentem restrições impostas pelos planos de saúde. O entendimento jurídico atual assegura que as terapias essenciais recomendadas pelos médicos sejam fornecidas conforme necessário, promovendo o desenvolvimento e a qualidade de vida dos pacientes autistas.

Como funciona o reembolso em tratamento para autismo?

Frequentemente, os pais de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) enfrentam desafios significativos para garantir uma terapêutica adequada devido à falta de disponibilidade de profissionais especializados na rede credenciada dos planos de saúde. 

Essa escassez de especialistas pode obrigar os pais a buscar atendimento fora da rede credenciada, resultando em despesas consideráveis pagas do próprio bolso. Quando os pais solicitam o reembolso dessas despesas, muitas vezes são surpreendidos com a negativa da operadora do plano de saúde.

É importante ressaltar que, conforme a Resolução Normativa nº 259 da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), os planos de saúde têm a obrigação de garantir o atendimento adequado aos seus beneficiários. 

Caso a rede credenciada não disponha de profissionais qualificados para tratar do autismo, a operadora deve cobrir os custos dos profissionais particulares, assegurando a continuidade e a qualidade do tratamento.

Quais são os procedimentos para solicitar o reembolso em tratamento para autismo?

  1. Documentação necessária:

    • Relatório médico: O primeiro passo é obter um relatório detalhado do médico especialista, justificando a necessidade de tratamento com um profissional fora da rede credenciada;

    • Comprovantes de pagamento: Guarde todos os recibos e notas fiscais referentes às despesas médicas;

    • Solicitação de reembolso: Envie uma solicitação formal de reembolso à operadora do plano de saúde, incluindo o relatório médico e os comprovantes de pagamento.

  2. Negativa de reembolso:

    • Resposta da operadora: Se o plano de saúde negar o reembolso, a operadora deve fornecer uma justificativa por escrito;

    • Ação judicial: Em caso de negativa, é recomendável procurar um advogado especializado em direito da saúde para orientar sobre os passos legais a serem tomados.

Legislação brasileira: o que diz sobre a cobertura de tratamento para autismo?

A legislação brasileira garante a cobertura de tratamento para autismo pelos planos de saúde. A Lei nº 12.764/2012, conhecida como Lei Berenice Piana, determina que o autismo é considerado deficiência para todos os efeitos legais e assegura o acesso ao diagnóstico e ao tratamento.

 

De acordo com a legislação, os planos de saúde são obrigados a cobrir todos os tratamentos indicados por profissionais especializados, como psicólogos, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos. É importante ressaltar que essa cobertura não pode ter limites de sessões e deve ser garantida tanto para planos individuais quanto empresariais.

 

Além disso, a legislação também prevê que os planos de saúde cobrem os medicamentos necessários para o tratamento do autismo. Isso inclui tanto os medicamentos de uso contínuo, como os que são usados de forma pontual para o controle de sintomas específicos.

 

Outro ponto importante é que a Lei Berenice Piana também estabelece que os planos de saúde não podem impor restrições de idade para a cobertura do tratamento do autismo. Isso significa que tanto crianças quanto adultos com autismo têm direito à cobertura integral dos tratamentos necessários.

 

É fundamental destacar que a legislação brasileira busca garantir a igualdade de acesso ao tratamento do autismo, garantindo que todas as pessoas com esse transtorno tenham a oportunidade de receber os cuidados necessários para o seu desenvolvimento e bem-estar. Portanto, caso você tenha um plano de saúde e tratamento preciso para o autismo, é importante conhecer seus direitos e requisitos que sejam cumpridos.

E existe diferença na cobertura de tratamento para autismo entre planos individuais e empresariais?

Não deve haver diferença na cobertura de tratamento para autismo entre planos individuais e empresariais. A legislação brasileira garante a cobertura igualitária para todos os tipos de planos de saúde.

 

Portanto, se você possui um plano de saúde empresarial, ainda assim terá direito à cobertura completa para o tratamento do autismo, incluindo todas as terapias possíveis.

Como ativar o plano de saúde para obter a cobertura do tratamento para autismo?

Para obter a cobertura do tratamento para autismo pelo seu plano de saúde, é importante seguir alguns passos:

  1. Obtenha o diagnóstico de um médico especialista em autismo;

  2. Junte a documentação necessária, como laudos médicos e relatórios psicológicos;

  3. Verifique as cláusulas contratuais do seu plano de saúde para saber quais são os procedimentos necessários para solicitar uma cobertura;

  4. Entre em contato com a operadora do plano de saúde para solicitar uma cobertura do tratamento;

  5. Caso haja negativa da operadora, registre uma permissão na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e considere acionar o poder judiciário.

 

Como um advogado especialista em saúde pode ajudar a garantir o tratamento para autismo?

 

Advogados especializados em saúde desempenham um papel crucial na busca pela garantia de tratamento para autismo. Seu profundo conhecimento jurídico específico torna-os aliados indispensáveis, orientando pacientes e familiares sobre os direitos relacionados à saúde. 

Isso porque a maioria dos planos de saúde costumam não possuir redes de médicos credenciadas que atendam as necessidades procedimentais, ou, ainda que tenham, não são capazes de atingir a periodicidade que esses tratamentos precisam ser feitos (quantidade de sessões), obrigando consumidor a fica sujeito ao tratamento que ele quiser, e puder, disponibilizar.

Por isso, contar com o auxílio de um profissional especialista em demandas desta natureza é fundamental para tutelar o seu direito como consumidor, e conservar a integridade física e psicológica do seu filho, pois, com a propositura da ação pertinente, poderá a justiça determinar que o plano custeie os gastos para o tratamento, mesmo ele sendo realizado em redes não credenciadas à operadora da qual o autor é vinculado, a fim de se garantir a própria eficácia do contrato firmado entre as partes, qual seja, a tutela do direito à saúde do seu beneficiário.

 

Em meio a esse desafio, a análise detalhada do contrato do plano de saúde por esses profissionais se revela fundamental. Ao identificar cláusulas pertinentes à cobertura para o tratamento do autismo, conseguem esclarecer os termos e condições que regem a complexa relação entre o segurado e a operadora de saúde.

 

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